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Vale "encantado" de Ourika

  • Foto do escritor: Alma Nómada
    Alma Nómada
  • 20 de ago. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 28 de ago. de 2024




Depois da minha primeira viagem a Marrocos, cada momento, ainda que curto, em que posso escapar, o meu destino é um só…decidi que quero conhecer o país em toda a sua extensão, o Norte e a sua proximidade ao mediterrâneo, a zona costeira atlântica e as suas praias a perder de vista, tão familiares pois assemelham-se às praias do Oeste, o Sahara Ocidental, onde o deserto se encontra com o Mar, e todos os pequenos povoados bérberes na região do Atlas…

Em maio passado, a bússola apontava para a região Este de Marraquexe: Ourika e o seu vale encantado. E já partilho convosco o motivo pelo qual o designo desta forma…

Após dois dias em Marraquexe … sim, porque eu vibro com o bulício daquela cidade…arrumei as malas e lá fui eu de táxi até Ourika.

Sentada na frente, junto ao motorista, como se fosse o meu companheiro de viagem, seguimos conversando entre o francês dele e o meu inglês, lá nos fomos entendendo. A meio do caminho, ele parou subitamente para beber um café… absolutamente normal, não fora o facto de não existir nenhum nas proximidades. Existia sim, uma carrinha, de bagageira aberta, encostada à berma, com tudo o que é necessário para servir um bom café… máquina de café, copos e açúcar… e desta forma improvisada e bem empreendedora, uns fazem uns trocos e outros não adormecem ao volante. Simpaticamente o meu “companheiro de viagem” acautelou que não me faltasse cafeína nem que desidratasse.



Após 40 minutos cheguei ao meu castelo…kasbah Atfel, com quatro torres, portão de madeira escura, grandioso, que se abriu para me receber…

Um verdadeiro retiro de paz, de tranquilidade, onde todas as manhãs era acordada pelo chilrear dos pássaros e recolhia com o azan…a chamada para a reza que se ouvia vinda do minarete das proximidades.

Numa das manhãs segui à aventura…Siti Fatma é a pequena localidade no vale do rio Ourika, enquadrada pelas montanhas, pelo rio, pelos tapetes bérberes expostos nas pequenas lojas, e pelos restaurantes típicos, em que comemos sentados no chão com os pés literalmente dentro de água.


E fria, que fria era a água… água pura, cristalina que corre rio abaixo e que vai saltando de pedra em pedra por 7 cascatas desde a sua nascente até Siti Fatma. Subi até a terceira cascata e entre o rubor da face, a respiração ofegante e o calçado pouco apropriado achei que seria pouco prudente continuar. Voltarei a tentar certamente…

Mas porquê encantado? Ourika tem paisagens deslumbrantes, tem histórias e estórias sobre tribos amazigh, tem sons da natureza e pores-de-sol cor-de-rosa e gente… gente encantadora, sempre de sorriso nos lábios, sempre disposta a ajudar, em troca de um choukran ou bessaha, e porque durante dois dias tive três fiéis escudeiros que cuidaram de mim, Aziz, Mohamed e Lahcen.

Emocionei-me quando, de partida, o portão de madeira escura grandioso se fechou nas minhas costas.




Tenho aprendido, em Marrocos, que a felicidade se faz de pequenos momentos…




P.S. como nota de rodapé não posso, nem quero, deixar de referir que no regresso a Marraquexe partilhei táxi com um casal, um espanhol e uma alemã que tinham sido tão felizes quanto eu naquele castelo…

E que  gente fantástica se conhece quando viajamos, gente com projetos, gente que não se acomoda… este casal é produtor de mel em Hamburgo, na Alemanha. E quem quiser, espreite a página deles…Bee_bueno.



 

 

 

 

 
 
 

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